Produção de frutas no RS cresce no verão e impulsiona consumo

Clima favorece qualidade de melancia, abacaxi e morango, enquanto irrigação se torna decisiva para enfrentar períodos de seca

26.12.2025 | 14:19 (UTC -3)
Adriane Bertoglio Rodrigues

Com a chegada do verão no Hemisfério Sul, iniciado em 21 de dezembro, o consumo de frutas aumenta no Rio Grande do Sul, impulsionado pelas altas temperaturas e pela maior oferta de produtos frescos no mercado. Cultivadas majoritariamente por agricultores familiares, frutas como melancia, uva, morango, pêssego, abacaxi, banana, pitaya e melão ganham espaço nas feiras e pontos de venda, especialmente nas regiões litorâneas durante a temporada de verão.

De acordo com a Emater/RS, o Estado se destaca pela diversidade da produção frutícola, que abastece tanto o mercado local quanto regional. “O Rio Grande do Sul produz uma diversidade de frutas que colorem as mesas e o dia a dia de quem produz, mas também dos consumidores”, afirma o gerente técnico estadual e diretor técnico em exercício da Emater/RS, Luis Bohn. Segundo ele, a procura por frutas aumenta de forma significativa nesta época do ano, com destaque para as feiras realizadas na maioria dos municípios gaúchos.

O Informativo Conjuntural da Emater/RS aponta que as temperaturas elevadas e a baixa umidade relativa do ar registradas recentemente têm impactado de forma distinta as culturas. Enquanto melancia e melão sofrem com o estresse hídrico, frutíferas como videiras, abacaxi e morango vêm apresentando bom desempenho produtivo. Nesse cenário, a irrigação se consolida como fator estratégico para a manutenção da produtividade. “A irrigação é fundamental, especialmente para culturas como a viticultura, a melancia e o melão, pois garante o desenvolvimento adequado dos frutos e melhora o padrão comercial”, explica Bohn.

Melancia vive pico de colheita

A melancia, uma das frutas mais consumidas no verão, está no auge da colheita no Estado. Na região administrativa da Emater/RS de Pelotas, os bons resultados de preços na safra anterior estimularam os produtores a ampliar a área plantada. Já na região de Soledade, a colheita está intensificada em municípios como Rio Pardo, General Câmara e Encruzilhada do Sul, em uma área estimada de 1.800 hectares.

Na região de Porto Alegre, apenas o município de São Jerônimo concentra cerca de 60 produtores cultivando 800 hectares de melancia. A expectativa de produtividade nesta safra é de aproximadamente 35 toneladas por hectare, embora a falta de chuvas esteja afetando áreas que não contam com irrigação. Em Arroio dos Ratos, outros 35 produtores cultivam cerca de 350 hectares, segundo o extensionista da Emater/RS Marcelo da Silva Fortes.

Entre as variedades mais plantadas estão Manchester, Braba, Karistan, Top Gun e Talismã, predominantemente em sistema de cultivo convencional. Fortes observa uma tendência de expansão da cultura em áreas consorciadas com florestas de acácia-negra e eucalipto, além da migração de produtores de soja para a melancia, motivados pela menor exigência de área e pela rentabilidade. O uso de tecnologias como irrigação por aspersão e fertirrigação por gotejamento tem elevado significativamente a produtividade, com exemplos de variação de 15 a 75 toneladas por hectare em áreas vizinhas.

Outra prática que vem sendo adotada é o uso de protetor solar à base de caulim, que reduz a temperatura dos frutos e evita queimaduras na casca. “Trata-se de um produto natural, que já apresenta resultados positivos tanto na proteção dos frutos quanto no controle de insetos”, explica Fortes.

Abacaxi mantém destaque no Litoral Norte

No município de Terra de Areia, tradicional produtor de abacaxi no Litoral Norte do RS, cerca de 120 famílias cultivam a fruta em 360 hectares. A produção é concentrada na variedade Pérola, conhecida pelo sabor doce. Segundo o extensionista da Emater/RS Wolnei Marcio Fenner, o diferencial está no ponto de colheita. “O abacaxi é colhido bem maduro, o que garante maior doçura, mas limita a logística de transporte”, afirma.

Para a safra 2025/2026, a expectativa é colher aproximadamente 7,5 milhões de frutos. O clima favorável ao longo do ciclo tem contribuído para o bom desenvolvimento da cultura e para a qualidade dos frutos ofertados ao consumidor.

Morango apresenta safra de boa qualidade

A cultura do morango também vive um período de alta produção no Rio Grande do Sul. Atualmente, são cultivados 588 hectares por 2.631 famílias, conforme o Levantamento Frutícola de 2025 da Emater/RS. As principais regiões produtoras são a Serra, o Vale do Caí e a região de Pelotas.

Enquanto no Vale do Caí e em Pelotas a comercialização ocorre principalmente entre outubro e dezembro, na Serra o pico da produção vai do final de dezembro até fevereiro. As cultivares mais utilizadas são as de dias neutros, como San Andrés e Álbio, além das variedades precoces de dias curtos, como Fênix, Fronteiras e Caminho Real.

Segundo o extensionista Thompsson Benhur Didoné, apesar de um leve atraso no início da safra devido às geadas registradas no Estado, a produção evoluiu bem. “As frutas apresentam ótima qualidade, com boa coloração, calibre e sabor, indicando uma safra bastante positiva”, afirma. Em regiões como Pelotas, Santa Rosa e Bom Princípio, os produtores relatam bom desempenho produtivo, com aumento da floração e expectativa de crescimento da oferta nas próximas semanas.

Para a Emater/RS, a fruticultura segue como uma das principais vocações do Rio Grande do Sul. “A safra de verão de 2026 está ofertando frutas com excelente aparência, qualidade e sabor, refletindo a diversidade produtiva do Estado”, conclui Bohn.

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