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As moscas-das-frutas invasoras Drosophila suzukii, Zaprionus indianus, Zaprionus tuberculatus e Ceratitis capitata ampliaram a pressão sobre frutos nativos e exóticos no Bioma Pampa, no sul do Brasil. Levantamento realizado entre 2022 e 2023 em Pelotas, identificou alta infestação, novos hospedeiros e intensa convivência entre espécies invasoras e nativas, com impacto direto sobre a fruticultura regional.
Os pesquisadores coletaram 3.802 frutos de 16 espécies vegetais em áreas urbanas e rurais. A maior parte das amostras veio do chão, ambiente que concentrou 92% dos drosofilídeos emergidos. Zaprionus indianus liderou em abundância, seguido por Z. tuberculatus, D. suzukii e C. capitata. Em frutos ainda nas plantas, D. suzukii predominou, o que reforça seu perfil de praga primária.
A infestação variou conforme a origem do fruto. D. suzukii mostrou maior sucesso em frutos colhidos diretamente das plantas, com destaque para pitanga (Eugenia uniflora), cereja-do-mato (Eugenia aggregata) e amora-preta (Rubus fruticosus). Já Z. indianus e Z. tuberculatus ocorreram principalmente em frutos caídos, associados a material em decomposição. C. capitata concentrou ataques em citros, sobretudo laranja-doce (Citrus sinensis).
O estudo identificou novos hospedeiros. A palmeira-butiá (Butia capitata) e o maracujá-azul (Passiflora caerulea) passaram a integrar a lista de plantas associadas à mosca-do-mediterrâneo no Brasil. No Pampa, pitangueira e araçá também surgem como novos registros regionais para a espécie. Para Z. tuberculatus, os pesquisadores apontaram novos hospedeiros silvestres e comerciais.
Os resultados indicaram forte associação das moscas invasoras com frutos da família Myrtaceae. A pitangueira destacou-se como o hospedeiro mais vulnerável, com presença simultânea das quatro espécies invasoras. A sobreposição de nichos revelou competição e coexistência, inclusive com espécies nativas do gênero Anastrepha, encontradas em grande parte dos frutos amostrados.
Ambientes antropizados, sem manejo fitossanitário, favoreceram a multiplicação das pragas. Esses locais funcionam como refúgio entre safras e sustentam populações durante o ano. A diversidade de hospedeiros, nativos e exóticos, amplia o risco para a produção comercial e dificulta o controle.
O estudo foi desenvolvido por Karina Jobim, Bárbara Rafaela da Rosa, Pedro da Luz Kaster, Sergio Marcelo Ovruski e Flávio Roberto Mello Garcia.
Outras informações em doi.org/10.3390/insects16121285
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