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O mercado internacional de fertilizantes entra em uma nova fase de contração, conforme o aumento dos preços começa a pesar sobre a demanda global. A avaliação é do Rabobank, em análise assinada por Bruno Fonseca, analista setorial de insumos do banco, divulgada hoje (3/11).
Segundo o estudo, essa mudança de ciclo, já prevista em projeção divulgada em abril, agora se confirma com a queda contínua do índice de acessibilidade dos fertilizantes, indicador que mede a relação entre preço e poder de compra do produtor. Embora algumas regiões ainda demonstrem resiliência, a tendência geral aponta para um enfraquecimento da demanda em 2025 e uma desaceleração mais acentuada em 2026.
A média móvel de 12 meses do índice já avançou para território negativo, o que, segundo o Rabobank, confirma o início de um novo ciclo de baixa, semelhante à contração registrada em períodos anteriores.
A dinâmica regional do mercado segue volátil. Nos Estados Unidos, tensões geopolíticas e tarifas comerciais devem pesar sobre o custo dos insumos agrícolas. Na Europa, o Mecanismo de Ajuste de Carbono na Fronteira (CBAM) tende a elevar ainda mais os preços. Já no Brasil, produtores enfrentam margens apertadas e restrições de crédito, embora as entregas de fertilizantes possam atingir níveis recordes em 2025.
A China mantém foco no abastecimento interno, reduzindo as exportações, enquanto a Índia continua a influenciar o comércio global de ureia por meio de seus leilões, que balizam os preços internacionais.
O consumo de ureia deve recuar em 2026, após o forte aumento dos preços recentes. No Brasil, o movimento já é sentido com a substituição parcial pelo uso de sulfato de amônio.
Os fertilizantes fosfatados também enfrentam preços elevados, o que deve provocar queda de 4% no consumo global em 2025, com novas reduções previstas para o ano seguinte. A retração nas exportações chinesas tem sido parcialmente compensada por aumentos nos embarques de Marrocos e Arábia Saudita, mas o volume total de comércio segue contido.
Em relação ao potássio, o consumo se recuperou em 2024, impulsionado pela queda dos preços. No entanto, a tendência é de nova desaceleração em 2025, com a retomada das altas. O Brasil deve aumentar as importações e pode compensar parte da redução da demanda em outras regiões, mas, se os preços elevados persistirem, o consumo global pode voltar a cair em 2026.
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