RS Safra 2025/26: soja avança lentamente
Estiagem e dificuldades de crédito freiam plantio das culturas de verão
 
                                                                                     
                                                A sinalização de que a China pode comprar entre 10 e 15 milhões de toneladas de soja americana movimentou o mercado internacional. A semana começou com tensão após reunião entre Trump e Xi Jinping sem acordo. A reversão veio com as notícias das compras chinesas. As cotações internacionais subiram, com posições de julho de 2026 mirando os US$ 11,50 por bushel.
No Brasil, os preços nos portos também reagiram. Pequenas compras chinesas foram vistas como positivas. O ambiente ficou mais favorável, ainda que sem obrigação formal de grandes volumes por parte da China. Para o mercado brasileiro, o impacto seria maior se os chineses firmassem compras de 20 a 30 milhões de toneladas, volume que coincidiria com o pico da oferta nacional e poderia pressionar os preços internos.
Nos Estados Unidos, a colheita da soja chega à reta final, com cerca de 90% da safra já colhida. A estimativa segue em 117 milhões de toneladas, pouco abaixo das 118,8 milhões do ciclo anterior.
No Brasil, o plantio da safra 2025 atingiu 50%, dentro da média histórica, mas atrasado em estados importantes como Mato Grosso (65%) e Goiás. A comercialização da safra anterior chega a 77%, com 132 milhões de toneladas já negociadas. É recorde em volume, mas abaixo da média histórica de 82%.
A safra nova também apresenta atraso. Apenas 24% do volume foi negociado, frente aos 33% da média. Mato Grosso comercializou 37%, ante os 42% usuais.
As exportações brasileiras de soja devem bater recorde em outubro, com projeção de 6,5 milhões de toneladas embarcadas. O acumulado do ano pode ultrapassar 100 milhões de toneladas.
No milho, a colheita americana chegou a 82%. A safra deve atingir 430 milhões de toneladas, um recorde. No Brasil, o plantio da primeira safra avança com 87% concluídos. No Paraná, praticamente encerrado.
A comercialização do milho safrinha alcançou 66,2% do volume colhido (113,3 milhões de toneladas), abaixo da média histórica de 70%. Ainda restam 45,1 milhões de toneladas de milho não negociadas.
As exportações de milho seguem aceleradas, com projeção de 6,3 milhões de toneladas em outubro. O acumulado anual deve ficar perto de 30 milhões de toneladas.
O mercado de trigo mostra safra promissora. No Paraná, 85% já colhido com boa qualidade. No Rio Grande do Sul, 20% colhido e avanço esperado nos próximos dias. A estimativa de produção é de 7,5 milhões de toneladas, com menor proporção de grãos de baixa qualidade em relação ao ano anterior.
Mesmo com boa safra, o mercado está travado. O excesso de importações, que devem ultrapassar 6,2 milhões de toneladas no ano, pressiona os preços pagos ao produtor. O trigo nacional sofre com tributos e barreiras internas, enquanto o produto importado entra isento.
O plantio do arroz avança no Sul do país. Mais de 65% já plantado, com destaque para o litoral sul gaúcho. Na fronteira oeste, ritmo acelerado. Na região central, atraso. A expectativa é de plantio em novembro, o que pode expor o arroz a riscos climáticos na fase de enchimento dos grãos.
Os preços seguem em torno de R$ 54 a R$ 55 por saca. Produtores esperam a atuação do governo com AGFs para garantir o preço mínimo de R$ 63. O varejo mantém promoções agressivas com preços entre R$ 13 e R$ 26 por pacote.
No feijão, sinais de reação. O carioca registra alta de até 4% em algumas praças. O feijão nobre sobe até 2%, com indicativos entre R$ 220 e R$ 260. A oferta é limitada, e a safra do Paraná, maior produtor, enfrenta clima desfavorável. A queda de braço entre produtores e varejo ainda trava reações mais fortes nos preços.
Por Vlamir Brandalizze - @brandalizzeconsulting
 
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