Como seis cultivares de canola alteram o destino dos pulgões

Estudo revela que a escolha da variedade pode acelerar ou frear a reprodução de Myzus persicae

17.07.2025 | 07:26 (UTC -3)
Revista Cultivar
<i>Myzus persicae</i> - Foto: S. Bauer
Myzus persicae - Foto: S. Bauer

A batalha silenciosa entre plantas e insetos ganhou novos contornos. Pesquisadores chineses demonstraram que seis cultivares de Brassica napus — a canola — influenciam diretamente o crescimento e a fecundidade do pulgão-verde (Myzus persicae). Algumas variedades estimulam a reprodução do inseto. Outras, reduzem sua taxa de crescimento. A descoberta pode alterar as estratégias de controle de pragas nas lavouras.

Três cultivares — Xinong 18, Aiyouku 999 e Aiganyou 558 — funcionam como estufas biológicas para os pulgões. Aumentam sua longevidade. Elevam sua taxa de reprodução. Ampliam o risco de infestação. Outras duas — Zhongshuang 11 e Mianxinyou 78 — agem no sentido oposto. Retardam o desenvolvimento. Diminuem o número de descendentes. Reduzem o potencial de dano agrícola.

O estudo foi conduzido sob condições controladas em laboratório. A temperatura permaneceu estável: 25 graus Celsius. A umidade oscilou entre 40% e 60%. O fotoperíodo: 14 horas de luz, 10 horas de escuridão. Cada cultivar foi avaliada quanto ao impacto no ciclo de vida dos pulgões. Os dados foram processados por meio de tabelas de vida por idade e estágio, integrando machos e fêmeas, embora Myzus persicae reproduza-se por partenogênese.

As diferenças foram marcantes. O cultivar AYK999, por exemplo, gerou pulgões com a mais alta taxa intrínseca de crescimento (0,40) e a menor duplicação de população (1,75 dias). Já MXY78 produziu o efeito contrário: taxa de crescimento de 0,23 e tempo de duplicação de 3,04 dias. As plantas tornaram-se, assim, promotoras ou inibidoras biológicas.

Por trás dessas dinâmicas, escondem-se compostos químicos: glucosinolatos e ácido erúcico. Essas substâncias variam entre os cultivares. AYK999 apresenta teor de glucosinolato de 28 µmol/g. MXY78, 20 µmol/g. Aparentemente, quanto menor a concentração, maior a atratividade para os pulgões.

A resistência ou suscetibilidade das cultivares parece seguir um padrão: os de baixo teor de glucosinolato favorecem o inseto. Os de alto teor atuam como barreiras. Zhongyou 821, cultivar usado como controle, possui 113,5 µmol/g — e exibiu desempenho intermediário.

Myzus persicae infesta mais de 400 espécies vegetais. Transmite vírus. Extrai seiva. Excreta substâncias que favorecem fungos. Resiste a vários inseticidas. Sua adaptabilidade exige abordagens integradas. E, como sugere o estudo, a escolha da cultivar pode ser a primeira linha de defesa.

Outras informações em doi.org/10.3390/insects16070726

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