Agro goiano cresce acima da média nacional em 2025

Setor mantém força econômica, mas enfrenta queda de produtividade e margens mais apertadas na safra 2025/2026

18.12.2025 | 14:50 (UTC -3)
Sistema Faeg, edição Revista Cultivar

O agronegócio de Goiás manteve papel central na economia estadual em 2025, sustentando a geração de empregos e o crescimento do PIB acima da média nacional. No entanto, o setor deve enfrentar um cenário mais desafiador na safra 2025/2026, com redução de produtividade e pressão sobre a rentabilidade. A avaliação foi apresentada nesta semana, durante coletiva anual do Sistema Faeg/Senar/Ifag, que reuniu a imprensa para divulgar o balanço do ano e as perspectivas para 2026.

Com o tema Resiliência e Insegurança no Agro Goiano, o encontro trouxe análises econômicas, dados de mercado e projeções para o próximo ciclo produtivo. No cenário internacional, o crescimento global ficou em 2,5% em 2025, segundo o Banco Mundial, com inflação de 3,8% nas economias avançadas. Tensões geopolíticas, retração do comércio e riscos estruturais seguiram pressionando investimentos e cadeias globais.

No Brasil, a economia cresceu 2,16%, conforme o Boletim Focus, enquanto o PIB agropecuário avançou 11,6% entre janeiro e setembro, segundo o IBGE. O mercado de trabalho permaneceu resiliente, com taxa de desemprego de 5,6% em setembro. A Selic manteve-se em 15% e o IPCA alcançou 4,46%, no teto da meta.

Em Goiás, os resultados superaram a média nacional. O PIB estadual cresceu 7,7% entre janeiro e abril de 2025, impulsionado pelo avanço de 16,8% do PIB agropecuário. O estado gerou 79.717 novos empregos formais entre janeiro e setembro, sendo 10.759 vagas na agropecuária, segundo o Caged. O Valor Bruto da Produção (VBP) alcançou R$ 120,9 bilhões, alta de 13,6% em relação a 2024, com soja, bovinocultura, milho e cana-de-açúcar respondendo por 74% do total.

Apesar das condições climáticas favoráveis em 2024 e no início de 2025, que elevaram a produtividade de culturas como soja e milho segunda safra, o aumento dos custos de produção e a pressão sobre os preços limitaram os ganhos de renda no campo.

O crédito rural seguiu como um dos principais pontos de atenção. A restrição ao financiamento elevou o endividamento e impulsionou os pedidos de recuperação judicial, que saltaram de 20 em 2022 para 566 em 2024. Em 2025, até o segundo trimestre, já foram registrados 415 pedidos, com Goiás, Mato Grosso e Minas Gerais concentrando quase 60% do total nacional. A inadimplência no crédito rural direcionado chegou a 11% em outubro.

No comércio exterior, o tarifaço em vigor desde agosto de 2025 afetou diretamente produtos como carne bovina, açúcar, café e couros, com impacto estimado de US$ 325,6 milhões nas exportações brasileiras aos Estados Unidos, sendo a carne bovina responsável por quase metade desse valor.

Para a safra 2025/2026 em Goiás, a expectativa é de maior pressão sobre a rentabilidade, especialmente na soja. A produtividade média deve recuar cerca de 5%, enquanto os custos operacionais seguem elevados. A rentabilidade estimada por hectare cai de aproximadamente R$ 2.287 para R$ 1.343, indicando um cenário de renda mais apertada e aumento do risco econômico para o produtor rural.

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