Tarifaço dos EUA ameaça 36% das exportações brasileiras

Governo prepara plano para proteger setores e evitar demissões

31.07.2025 | 16:51 (UTC -3)
Pedro Peduzzi, edição Revista Cultivar

O governo brasileiro avalia os impactos do tarifaço anunciado pelos Estados Unidos, que poderá atingir 35,9% das exportações nacionais. A estimativa foi feita pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, já considerando a lista de cerca de 700 produtos que ficaram de fora da sobretaxa de 50% sobre os embarques ao país norte-americano.

Alckmin afirmou que o governo está preparando um plano de ação para minimizar os efeitos sobre os setores mais prejudicados e, principalmente, preservar empregos. “Vamos nos debruçar sobre os 35% das exportações que foram afetadas e apoiar os setores mais atingidos para proteger a produção e os empregos”, disse.

O tarifaço foi anunciado em carta enviada ao governo brasileiro em 9 de julho pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, prevendo o início da taxação em 1º de agosto. Nesta quarta-feira (30), porém, Washington prorrogou o início para 6 de agosto e divulgou uma lista de exceções para evitar impactos negativos na própria economia.

Entre os produtos isentos da sobretaxa estão suco e polpa de laranja, combustíveis, minérios, fertilizantes, polpa de madeira, celulose, metais preciosos, produtos energéticos e aeronaves civis, incluindo motores e componentes. Por outro lado, café, carnes e diversas frutas serão taxados em 50%.

Alckmin explicou que os impactos variam conforme o perfil exportador de cada setor. “Um segmento que exporta apenas 10% da produção sofre menos. Mas há setores que destinam metade da produção ao exterior, e 70% disso vai para os Estados Unidos. Esses são os mais vulneráveis”, exemplificou.

Plano de reação

Segundo o vice-presidente, o plano do governo está “praticamente pronto” e deverá incluir medidas financeiras, tributárias e de crédito para empresas afetadas. A proposta ainda precisa ser aprovada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O pacote prevê três frentes de atuação: tentar reduzir o percentual de exportações afetadas por meio de novas negociações com os EUA, buscar mercados alternativos e oferecer apoio direto aos setores mais atingidos, como pescado, mel e frutas. “Vamos tentar incluir mais produtos na lista de exceções, como outras frutas e a carne bovina”, adiantou Alckmin.

Novos mercados e acordos

Para reduzir a dependência do mercado norte-americano, o governo pretende acelerar a abertura de novos destinos para produtos brasileiros. Segundo Alckmin, o país já conquistou 398 novos mercados internacionais e aposta na entrada em vigor, ainda este ano, do acordo comercial entre Mercosul e União Europeia.

“São 27 países dos mais ricos do mundo, além de outros quatro – Noruega, Suíça, Islândia e Liechtenstein – que também têm alto poder de compra. Esses acordos vão fortalecer o comércio exterior brasileiro”, afirmou.

O vice-presidente reforçou que o país seguirá atuando para garantir competitividade e segurança jurídica às exportações. “O Brasil representa apenas 2% do PIB global. Isso significa que 98% do comércio está lá fora, e precisamos aproveitar essas oportunidades”, disse.

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