Silício atrai predadores naturais da lagarta-do-cartucho

Pesquisa comprova emissão de composto volátil que atrai Doru luteipes

23.10.2025 | 08:04 (UTC -3)
Revista Cultivar
Foto: International Maize and Wheat Improvement Center, CC BY-NC 4.0
Foto: International Maize and Wheat Improvement Center, CC BY-NC 4.0

A aplicação de silício em lavouras de milho pode contribuir para o manejo sustentável da lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda). Estudo científico demonstrou que o elemento químico aumenta a emissão de compostos voláteis que tornam as plantas mais atrativas para predadores naturais, como a tesourinha Doru luteipes.

O trabalho foi de pesquisadores da Universidade Federal de Lavras, do Instituto Capixaba de Pesquisa e da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz.

A pesquisa avaliou a emissão noturna de compostos voláteis induzidos por herbivoria (HIPVs, na sigla em inglês) em plantas de milho com e sem fertilização com silício. O experimento mostrou que, após o ataque da praga, as plantas que receberam silício liberaram uma mistura de compostos mais atrativa para o predador D. luteipes.

Um atrativo exclusivo

A análise química dos voláteis revelou que a principal diferença entre plantas fertilizadas e não fertilizadas estava na presença do terpeno acetato de nerila, detectado exclusivamente em plantas tratadas com silício e infestadas pela lagarta.

Ensaios com o composto sintético confirmaram sua atratividade para D. luteipes, desde que em concentração equivalente àquela emitida naturalmente pelas plantas.

Foto: John C French Sr - Auburn University
Foto: John C French Sr - Auburn University

Essa substância parece exercer papel central na atração do predador. Os testes mostraram que D. luteipes preferiu as emissões de plantas com silício em detrimento das que não receberam o tratamento. Em contrapartida, plantas sadias, com ou sem silício, não provocaram resposta no comportamento do inseto.

Agente de priming

O estudo indica que o silício atua como agente de priming, ou seja, prepara a planta para reagir de forma mais rápida e intensa ao ataque de herbívoros. Em vez de induzir defesas antes do ataque, o silício intensifica a resposta após a infestação. Nesse caso, promoveu o aumento na liberação de compostos que atraem inimigos naturais da praga.

Esse efeito foi observado sem alteração na emissão de voláteis em plantas não infestadas, o que evita atrair predadores sem oferta de presas. A indução indevida poderia comprometer a eficácia do controle biológico, ao desorientar os inimigos naturais.

Eficiência noturna

A pesquisa focou nos compostos emitidos à noite, período de maior atividade do predador D. luteipes. Isso representa avanço, pois a maioria dos estudos anteriores analisava compostos emitidos durante o dia. A diferenciação da composição química entre emissões diurnas e noturnas reforça a necessidade de avaliar a resposta de predadores ativos em diferentes períodos.

Foto: Paulo Lanzetta
Foto: Paulo Lanzetta

No caso de D. luteipes, a preferência clara por plantas fertilizadas e infestadas indica que a aplicação de silício pode melhorar a eficácia do controle biológico, ao facilitar a localização da presa pelo predador.

Auxílio no controle de pragas

A fertilização com silício surge como alternativa complementar, que fortalece defesas naturais da planta.

Estudos anteriores já haviam demonstrado que o silício aumenta a resistência física das folhas, dificultando a alimentação da lagarta e reduzindo sua sobrevivência.

A nova evidência de que o silício também amplia defesas químicas e atrai predadores amplia o potencial da técnica no manejo integrado de pragas.

Outras informações em doi.org/10.1002/ps.8768

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