Semeadura tardia garante vigor de sementes de soja em ambiente subtropical

Estudo realizado no Paraguai mostra que antecipar o ciclo da soja reduz a qualidade das sementes

05.12.2025 | 10:11 (UTC -3)
Revista Cultivar
Fotos: Syngenta
Fotos: Syngenta

A escolha da data de semeadura define o sucesso na produção de sementes de soja em regiões subtropicais de baixa altitude. Pesquisa conduzida por quatro safras em Los Cedrales, no departamento de Alto Paraná, Paraguai, indica que a semeadura tardia, realizada entre 15 e 31 de janeiro, é a única estratégia capaz de garantir sementes com alto vigor, viabilidade e longevidade.

O trabalho avaliou 15 cultivares de soja de ciclos variados (RMG 5.5 a 6.9) ao longo de quatro anos (2019 a 2023). Os pesquisadores compararam três épocas de semeadura: precoce (setembro), normal (novembro) e tardia (janeiro). A produção ocorreu sob sistema de plantio direto, com manejo técnico padronizado.

Semeadura antecipada

Os resultados apontam que semeaduras antecipadas sincronizam o florescimento e enchimento de grãos com o pico de radiação solar. Isso eleva a produtividade de grãos em até 62,8% em comparação à semeadura tardia. No entanto, essa vantagem impõe alto risco à qualidade das sementes.

Durante a maturação, as lavouras semeadas no início do ciclo enfrentam temperaturas superiores a 35 ºC e déficits hídricos. Esse estresse térmico e hídrico provoca a formação de sementes verdes com incidência até 95% maior que nas lavouras semeadas tardiamente. O dano impacta diretamente o vigor e a longevidade das sementes.

Semeadura tardia

Nas condições avaliadas, nenhuma lavoura semeada em setembro ou novembro manteve germinação acima do limite comercial (80%) após 150 dias de armazenamento. Já todas as sementes provenientes da semeadura tardia superaram 95% de germinação e vigor após esse período.

Em um dos anos avaliados, sob seca severa e calor extremo (2021/22), a semeadura tardia foi a única que manteve qualidade fisiológica e ainda registrou a maior produtividade de grãos, superando os demais tratamentos em até 54,6%.

Rendimento e qualidade fisiológica

Os pesquisadores alertam para o antagonismo inevitável entre rendimento e qualidade fisiológica em regiões de baixa altitude. A produção de sementes exige que a fase de maturação ocorra sob temperaturas amenas, o que só é possível com a semeadura tardia. Mesmo com menor volume de produção, o valor agregado compensa: a receita por hectare com sementes tardias superou em 60% a receita de grãos de lavouras mais produtivas.

O estudo conclui que o manejo da data de semeadura é decisivo. Para grãos, semeaduras antecipadas oferecem maior potencial produtivo, mas sob alto risco climático. Para produção de sementes, semeaduras tardias são indispensáveis. A prática escapa do estresse de maturação e assegura a produção de sementes de alto vigor, fundamentais para o sucesso da próxima safra.

O trabalho foi realizado por Jose Ricardo Bagateli, Ricardo Mari Bagateli, Giovana Carla da Veiga, Ivan Ricardo Carvalho, Willyan Junior Adorian Bandeira e Geri Eduardo Meneghello.

Outras informações em doi.org/10.3390/seeds4040064

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