Inmet prevê trimestre quente e seco no Brasil
Período de agosto a outubro terá chuvas abaixo da média e déficit hídrico em diversas regiões
As condições meteorológicas, seus impactos na produção e as perspectivas para as próximas safras de café nortearam os debates do 7º Fórum Café e Clima da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé). Realizado nesta semana em Guaxupé (MG), o evento destacou o baixo rendimento desta safra e apontou um cenário desafiador para 2026.
Segundo Guilherme Vinicius Teixeira, coordenador do Departamento de Geoprocessamento da Cooxupé, a safra atual começou a se formar em 2023, mas sofreu atraso na florada devido à demora do retorno das chuvas, que só foram registradas em outubro de 2024. Além disso, a redução do período chuvoso entre fevereiro e abril deste ano prejudicou os grãos. “O produtor está gastando mais café colhido para produzir o mesmo volume beneficiado”, explicou.
O déficit hídrico prolongado também elevou a queda de chumbinho, avaliou Teixeira. Além disso, foi constatado maior porcentagem de café moca - grãos que surgem quando apenas uma das lojas do fruto é fecundada ou quando uma delas perde energia para outras partes da planta.
Para 2026, o especialista prevê um cenário desafiador. Isso porque o atraso das chuvas reduziu o período de crescimento dos ramos, diminuindo o potencial produtivo. Lavouras de sequeiro registraram média de 11 nós e irrigadas, 14. Além disso, ocorreram eventos de granizo e de geada na média mogiana do estado de São Paulo e Sul de Minas, assim como geada de capote no cerrado mineiro.
Já para 2027, o cenário é mais animador. A previsão de chuvas mais precoces que em 2024 pode favorecer o início antecipado e prolongado do ciclo vegetativo, aumentando o potencial produtivo, desde que as condições climáticas se mantenham favoráveis.
O agrometeorologista Marco Antonio dos Santos apontou que o ciclo 2025/26 apresenta condições muito mais favoráveis que no ano anterior. Em 2024, foram mais de 120 dias de seca, chuvas irregulares e temperaturas elevadas.
Segundo ele, as chuvas devem chegar mais cedo, em meados de setembro, cerca de um mês antes que em 2024, criando um ambiente mais úmido para a florada. “Isso fará com que a florada ocorra mais cedo. Além do início das chuvas, deve haver uma continuidade delas também”, disse. Outro ponto positivo é que as temperaturas tendem a ser mais amenas e com mais unidade, principalmente com a possível confirmação da La Niña no mês de novembro.
O professor José Donizeti Alves, da Universidade Federal de Lavras (UFLA), reforçou que o ano agrícola do café exige atenção em quatro fases cruciais que definem o tamanho da produção dos cafeeiros: vingamento das flores, chumbinho, expansão dos frutos e granação.
Apesar do registro de condições climáticas mais favoráveis ante as do ano passado, a pressão climática pode mudar rapidamente. Por isso, o especialista indicou que o produtor antecipe suas ações.
Como recomendação estratégica, o docente da UFLA enfatizou o aprofundamento do sistema radicular para que as raízes acessem água em camadas de 1,5 a 2,5 metros. “Isso favorece a resistência à seca e reduz o estresse hídrico, estimulando um ciclo virtuoso de crescimento do café”, considerou.
Para 2026, José Donizeti reforçou a necessidade de manejo preventivo e sustentável, garantindo que a planta suporte variações climáticas e mantenha a produtividade.
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