Caem exportações e produção de tratores italianos
FederUnacoma aponta queda de 15,1% nas exportações e retração de 14,5% na produção nacional de máquinas agrícolas em 2024
A Análise do Especialista Grão Direto desta segunda-feira (30/6) destaca que as boas condições climáticas nos Estados Unidos mantêm a expectativa de uma safra robusta de soja, pressionando os preços em Chicago. No Brasil, o avanço lento da colheita da safrinha e a demanda aquecida ajudam a sustentar os preços do milho, apesar do cenário de queda nas cotações. A análise também aborda os efeitos da valorização do real, do aumento nas misturas de biocombustíveis e do novo acordo comercial entre China e EUA sobre o mercado agrícola. Confira:
Safra americana e acordo comercial: o clima permaneceu favorável para as lavouras de soja nos Estados Unidos, com previsões de chuvas regulares e temperaturas dentro da média, reforçando a expectativa de uma safra robusta e pressionando as cotações em Chicago, que encerraram a semana abaixo dos US$ 10,25/bushel no contrato novembro.
Biocombustíveis E30 e B15: o Brasil reforçou seu protagonismo global na produção de biocombustíveis com a recente aprovação do aumento da mistura de etanol na gasolina para 30% (E30) e do biodiesel no diesel para 15% (B15), válido a partir de 1º de agosto de 2025. A medida foi aprovada pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). A elevação da mistura de biodiesel deve ampliar a demanda por óleo de soja em cerca de 150 mil toneladas até o final do ano, refletindo na sustentação dos preços de soja no interior.
Dólar: o dólar comercial fechou a última sexta-feira cotado a R$ 5,48, atingindo o menor valor desde outubro do ano passado, acumulando desvalorização de 11,26% no ano até junho. Apesar de tensões comerciais externas, como as tarifas entre EUA e Canadá, a moeda norte-americana seguiu pressionada no Brasil.
No mercado internacional, o dólar também apresentou fraqueza. A valorização do real favorece a compra de insumos importados e ajuda a conter custos de produção, mas reduz a competitividade das exportações agrícolas brasileiras.
Para as próximas semanas, podemos observar uma volatilidade no câmbio ligada a incertezas fiscais, geopolíticas e decisões de política monetária no Brasil e nos EUA. O cenário exige atenção dos produtores para gestão de risco cambial e aproveitamento de janelas de oportunidade na comercialização.
USDA: o mercado aguarda com expectativa o relatório de área plantada e estoques dos EUA, que pode trazer volatilidade significativa, especialmente se houver surpresas na área plantada ou nos estoques. Para o milho, há tendência de leve aumento da área plantada em relação à intenção de março (considerando o histórico das últimas divulgações), enquanto para a soja, historicamente houve redução (porém poderá ocorrer divergência quanto às últimas divulgações e haver um aumento na área plantada de soja - onde o mercado pode refletir com bastante volatilidade nas cotações) . Os estoques também podem surpreender, impactando diretamente as cotações internacionais e o sentimento global do mercado agro.
Acordo comercial: China e Estados Unidos assinaram em 27/06 um novo acordo comercial, suspendendo tarifas e medidas restritivas bilaterais, com a China garantindo fornecimento de terras raras para os EUA em troca da suspensão de barreiras sobre produtos chineses. A trégua comercial entre EUA e China traz alívio imediato ao mercado global de commodities, reduzindo incertezas e favorecendo o fluxo do comércio internacional.
Para a soja, o acordo pode abrir espaço para uma retomada das exportações americanas à China, dependendo da intensidade da redução tarifária e da disposição chinesa em ampliar compras externas. No caso do milho, o impacto tende a ser mais indireto, mas a estabilização das relações comerciais pode beneficiar a confiança dos compradores e facilitar negociações futuras, especialmente diante da forte dependência da China por commodities agrícolas.
No Brasil, a tendência é que o país continue sendo o principal beneficiado caso as tarifas chinesas sobre os EUA permaneçam elevadas, mantendo a competitividade da soja e do milho brasileiros no mercado asiático. Porém, qualquer flexibilização mais profunda das restrições pode aumentar a concorrência internacional, pressionando os preços e exigindo atenção dos produtores à volatilidade do mercado.
Colheita Safrinha 2025: a semana anterior foi marcada por uma nítida pressão de baixa, com os contratos na B3 recuando em linha com as perdas em Chicago e a expectativa de uma safrinha recorde no Brasil. A colheita brasileira continua em ritmo lento comparado ao ano passado.
Atraso na oferta e ajuste nos fretes: mesmo diante de um cenário de queda nas cotações da B3, há uma possível sustentação dos preços internos do milho por conta do atraso na oferta (colheitas atrasadas devido às chuvas e baixas temperaturas em algumas regiões). O mercado pode reagir de maneira mais intensa no decorrer do desenvolvimento da colheita de uma safra cheia. Com o decorrer da colheita, a oferta de milho tende a se elevar e os fretes podem sofrer um impacto de alta nas próximas semanas.
Demanda interna: a demanda brasileira por milho, especialmente do setor de proteína animal e das usinas de etanol, ajuda a limitar quedas mais expressivas, mas a entrada mais forte da safrinha pode manter a pressão sobre os preços até o final do ano.
Avanço da colheita da safrinha: a colheita da safrinha de milho segue em ritmo lento no Centro-Sul do Brasil, bem abaixo do registrado no mesmo período do ano passado e da média histórica. O clima será fundamental para definir o avanço dos trabalhos, e a concentração da colheita nas próximas semanas pode pressionar a oferta interna e os preços do milho.
Demanda doméstica e exportações fracas: a demanda interna segue aquecida, especialmente do setor de proteína animal e usinas de etanol, ajudando a sustentar os preços e limitar quedas. No entanto, as exportações brasileiras de milho permanecem em ritmo abaixo do mesmo período do ano passado. O mercado aguarda uma possível retomada dos embarques no segundo semestre.
Expectativa de safra recorde e volatilidade externa: a safra brasileira de milho 2024/25 tende a ser uma safra recorde e histórica. No cenário internacional, o mercado estará atento ao relatório de área plantada e estoques dos EUA (USDA), que pode trazer volatilidade às cotações em Chicago e influenciar o sentimento global do milho. As exportações de milho reduziram com relação ao ano passado, mas os preços até o momento se mantiveram em patamares mais elevados do que o mesmo período do ano passado - mesmo com o cenário de queda recente.
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