Lagarta-do-cartucho ameaça safra recorde de milho

Praga resistente pode reduzir em até 60% a produção e exige manejo do pré-plantio à colheita

15.08.2025 | 14:23 (UTC -3)
Rafael Stuchi, edição Revista Cultivar

Com expectativa de colheita recorde de 128,3 milhões de toneladas de milho em 2025, o Brasil reforça sua posição entre os maiores produtores globais do grão. Impulsionada por condições climáticas favoráveis e boas práticas no campo, a segunda safra, em andamento, deve representar 101 milhões de toneladas, alta de 12,2% em relação ao ciclo anterior, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).  

No entanto, em meio ao cenário otimista, Fábio Kagi, gerente de Assuntos Regulatórios do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg), alerta para um risco crescente nas lavouras: a volta da lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda) como principal praga do milho. A entidade observa que a espécie tem apresentado resistência a algumas tecnologias e, além disso, os ataques têm ocorrido de forma antecipada, exigindo atenção desde as fases iniciais da plantação. 

“A lagarta-do-cartucho voltou a preocupar os produtores justamente por atacar precocemente e causar danos severos em folhas, espigas e no colo das plantas, o que pode comprometer o desenvolvimento e a produtividade da lavoura”, explica.

Com potencial de causar perdas de até 60% na produção, a infestação se intensifica em condições de cultivo contínuo de milho, estiagem prolongada, temperaturas superiores a 25 °C e semeadura tardia. Para mitigar esses prejuízos, Kagi recomenda investir no Manejo Integrado de Pragas (MIP), que inclui estratégias complementares de controle cultural, biológico e químico.  “Entre as práticas eficazes estão a dessecação da área pelo menos 30 dias antes da semeadura, a rotação de culturas e o tratamento de sementes com defensivos sistêmicos”, pontua.  

Para Kagi, o sucesso no combate à lagarta passa por um manejo contínuo e responsável, que se inicia antes mesmo da semeadura e segue ao longo de todo o ciclo da cultura. “A diversificação de ferramentas e o planejamento das intervenções são essenciais para manter o controle sobre a população do inseto”, conclui.  

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