Há tecnologias para mitigar os riscos climáticos na produção de soja

Menos de 5% da área cultivada com soja no Brasil possui irrigação

13.01.2025 | 15:05 (UTC -3)
Revista Cultivar
José Salvador Foloni e José Renato Bouças Farias
José Salvador Foloni e José Renato Bouças Farias

Os impactos das adversidades climáticas, como secas prolongadas e regimes de chuva mal distribuídos, têm provocado perdas significativas na produção de soja no Brasil. Os pesquisadores José Renato Bouças Farias e José Salvador Foloni, da Embrapa Soja, explicam ser possível minimizar prejuízos a partir do uso de tecnologias já disponíveis.

O Brasil cultiva soja em cerca de 45 milhões de hectares, dos quais menos de 5% possuem irrigação. A dependência da chuva torna o país vulnerável aos efeitos das mudanças climáticas, que têm intensificado as condições adversas, como os veranicos — períodos prolongados de déficit hídrico combinados com altas temperaturas.

Tecnologias disponíveis

Para mitigar os efeitos da seca, Farias e Foloni destacaram uma série de tecnologias divididas entre estratégias de curto, médio e longo prazo.

Algumas das estratégias de curto prazo:

  • Boas práticas agronômicas: semeadura de alta qualidade, manejo fitossanitário adequado, nutrição balanceada e escalonamento da época de semeadura.
  • Zonamento Agrícola de Risco Climático (ZARC): ferramenta que utiliza dados climáticos e de solo para orientar a melhor época de plantio, reduzindo os riscos climáticos.

Estratégias de médio e longo prazos:

  • Conservação do solo e da água: práticas como terraceamento, curvas de nível, diversificação de culturas e cobertura vegetal. Essas medidas aumentam a infiltração de água no solo e diminuem a evaporação.
  • Melhoramento genético: desenvolvimento de cultivares mais adaptadas a altas temperaturas e déficit hídrico.
  • Práticas de manejo do solo: uso de matéria orgânica, sistemas de plantio direto e manejo para aumentar a reserva hídrica do solo.

Desafios na adoção

Apesar da existência dessas tecnologias, muitos produtores ainda enfrentam dificuldades na implementação devido a custos iniciais e falta de informação.

Segundo Foloni, é essencial intensificar a transferência de tecnologia para garantir que as boas práticas alcancem os agricultores.

Além das tecnologias, os pesquisadores ressaltaram a importância de políticas públicas como seguro agrícola e financiamentos acessíveis. Essas medidas ajudam a mitigar os prejuízos financeiros causados por eventos climáticos extremos e garantem a sustentabilidade do setor.

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