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Duas novas cultivares de algodão com tecnologias genéticas avançadas acabam de ser disponibilizadas aos produtores brasileiros. Desenvolvidas pela Embrapa, em parceria com a IST Brasil - Lyntera, as variedades BRS 700FL B3RF e BRS 800 B3RF prometem atender demandas distintas do mercado: uma com fibra de alta qualidade voltada ao segmento de roupas premium e outra com forte resistência a doenças que desafiam a sustentabilidade da cotonicultura no País.
A primeira, BRS 700FL B3RF, é indicada para quem busca agregar valor com uma fibra longa a extralonga, de espessura fina e resistência elevada. Seu desempenho se aproxima do algodão importado dos tipos egípcio e pima, tradicionalmente utilizados para a produção de tecidos finos e de alto valor agregado. Já a BRS 800 B3RF tem foco em sanidade e produtividade, sendo indicada para regiões onde a presença de doenças como a ramulária e pragas como o nematoide de galhas comprometem a viabilidade do cultivo.
Ambas as cultivares são transgênicas e possuem a tecnologia Bollgard 3 RRFlex, que protege contra as principais lagartas do algodoeiro e permite o uso de herbicida glifosato. Segundo os pesquisadores responsáveis, essas características reduzem o número de aplicações de defensivos e os custos operacionais, além de contribuir para práticas mais sustentáveis.
A cultivar BRS 700FL B3RF foi desenvolvida com foco na qualidade da fibra, alcançando comprimento médio de 33,5 milímetros e chegando a ultrapassar os 34 milímetros em mais da metade dos locais onde foi testada. O pesquisador Camilo Morello, coordenador do Programa de Melhoramento Genético do Algodoeiro na Embrapa Algodão (PB), afirma que esse desempenho é inédito no País.
“Essa cultivar visa suprir uma demanda por fibras de alta qualidade, com maior valor agregado, já que o Brasil importa fibras de classificação extralonga, de algodoeiros dos tipos egípcio ou pima. Com a BRS 700FL B3RF, chegamos a uma qualidade de fibra bastante próxima, porém em algodoeiro herbáceo (Upland), preservando produtividade e sanidade”, declara Morello.
Além do comprimento, a fibra apresenta resistência de 32,8 gf/tex e micronaire de 3,7, o que garante boas condições para fiação e acabamento. A produtividade média da cultivar é de 4.524 quilos por hectare, com rendimento de fibra de 38%, porte alto e ciclo longo. Esses números representam um avanço em relação à primeira cultivar transgênica de fibra longa lançada pela Embrapa, a BRS 433FL B2RF, cuja fibra alcançava em torno de 32,5 milímetros.
A BRS 700FL B3RF é recomendada para cultivos nos biomas Cerrado e Caatinga, com destaque para os estados da Bahia, Tocantins, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Minas Gerais, Paraná, São Paulo, Paraíba e Ceará.
A outra cultivar lançada, a BRS 800 B3RF, se destaca pela resistência a múltiplas doenças, incluindo a mancha de ramulária, a doença azul e a bacteriose (mancha angular). Além disso, apresenta resistência ao nematoide de galhas (Meloidogyne incognita), uma das pragas mais problemáticas do algodão, capaz de inviabilizar lavouras inteiras.
De acordo com o pesquisador da Embrapa Nelson Suassuna, a ramulária é a doença que exige o maior número de aplicações de fungicidas no Brasil, até oito durante o ciclo em variedades suscetíveis.
Ele conta que outro importante problema dos sistemas de produção com o algodoeiro é o nematoide de galhas, que causa drástica redução na produção das lavouras, muitas vezes inviabilizando a produção. “A nova cultivar oferece ao produtor uma forma de reduzir esses custos e ainda manter a produção em áreas afetadas, como no Mato Grosso e na Bahia, onde o nematoide está presente em cerca de 25% e 37% das áreas, respectivamente”, destaca Suassuna.
Com ciclo precoce, a BRS 800 B3RF é ideal para a segunda safra – prática comum no Mato Grosso – e para cultivos tardios sob pivô, como ocorre na Bahia. A produtividade média alcança 5 mil quilos por hectare, com rendimento de fibra de 42% e comprimento de 29,5 milímetros.
A cultivar é indicada para cultivos em Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Piauí, Rondônia, Tocantins, Minas Gerais, São Paulo e Paraná.
Ambas as cultivares utilizam a tecnologia Bollgard 3 RRFlex, da Bayer, amplamente adotada por oferecer proteção contra as principais lagartas do algodão, como a Heliothis e a Spodoptera. Essa tecnologia transgênica também confere tolerância ao herbicida glifosato, facilitando o manejo de plantas daninhas.
Outro ponto forte é a adaptação regional das cultivares. A BRS 700FL B3RF, com ciclo mais longo e exigência alta de regulador de crescimento, é indicada para áreas de maior controle técnico e ambiental. Já a BRS 800 B3RF, de ciclo curto e menor exigência de manejo, se adapta bem às áreas de segunda safra, ampliando as opções para os produtores em diferentes estados e climas.
A disponibilização dessas cultivares ocorre em um momento estratégico. O Brasil é um dos maiores exportadores de algodão do mundo, mas ainda importa fibras especiais para atender indústrias têxteis voltadas ao segmento de luxo. Com a BRS 700FL B3RF, há a expectativa de que parte dessa demanda possa ser suprida internamente, agregando valor ao produto nacional e reduzindo a dependência de importações.
Ao mesmo tempo, a BRS 800 B3RF representa um reforço importante para a sustentabilidade da cadeia produtiva, especialmente em regiões onde doenças e pragas vinham comprometendo a rentabilidade das lavouras. As novas cultivares estarão disponíveis aos produtores por meio da IST Brasil - Lyntera, empresa licenciada para a multiplicação e comercialização das sementes.
Ciclo: tardio
Exigência regulador: alta
Exigência em fertilidade: média-alta
Aderência da fibra: média-forte
Rendimento de fibra (%): 38
Peso do capulho (g): 5,7
Micronaire: 3,7
Comprimento da fibra (UHML - mm): 33,5
Resistência da fibra (gf/tex): 32,8
Índice de fibras curtas (%): 5,1
Produtividade média: 4524 kg/ha
(*) Valores médios
Ciclo: precoce
Exigência regulador: média-baixa
Exigência em fertilidade: média-alta
Aderência da fibra: forte
Rendimento de fibra (%): 42
Peso do capulho (g): 5,5
Micronaire: 4,7
Comprimento da fibra (UHML - mm): 29,5
Resistência da fibra (gf/tex): 29,0
Produtividade média: 5005 Kg/ha
(*) Valores médios
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