Conferência europeia terá trabalhos brasileiros sobre a exposição do trabalhador rural a produtos agroquímicos

Um dos estudos compreendeu a formulação de um novo líquido-teste, aplicável à medição de permeabilidade de vestimentas agrícolas

07.05.2018 | 20:59 (UTC -3)
Fernanda Campos

O pesquisador brasileiro Hamilton Ramos, coordenador do Programa IAC de Qualidade de Equipamentos de Proteção Individual na Agricultura (Quepia), representa hoje o Brasil na Conferência Europeia de Vestimentas de Proteção, que acontece na capital portuguesa até o dia 9. Ele é autor de duas pesquisas sobre a exposição de trabalhadores a agroquímicos. Os trabalhos do cientista propõem alterar métodos internacionais adotados nas certificações de qualidade para vestimentas de proteção a agroquímicos.

Realizado no laboratório do Programa Quepia, instalado no Centro de Engenharia e Automação do Instituto Agronômico de São Paulo, na cidade de Jundiaí, o trabalho científico compreendeu a formulação de um novo líquido-teste, aplicável a testes de permeabilidade de vestimentas agrícolas, além da renovação de critérios empregados, globalmente, para medir a quantidade de agroquímicos que é capaz de penetrar por roupas protetivas durante seu uso.

“Ambas as pesquisas têm objetivo de reduzir a exposição do trabalhador rural aos agroquímicos”, enfatiza Hamilton Ramos.

Segundo Ramos, a pesquisa que resultou na descoberta do líquido teste durou três anos e teve a parceria da pesquisadora Anugrah Shaw, da universidade norte-americana de Maryland. Esse produto, de cor amarela e não tóxico, tem propriedades similares às do composto herbicida de nome Prowl, hoje usado nos testes de qualidade prescritos pela ISO para vestimentas protetivas. O Prowl, entretanto, por ser um herbicida, encontra restrições para circular em escala mundial.

O segundo estudo, diz Ramos, propõe alterar métodos empregados nas normas internacionais para medir a eficácia da vestimenta de proteção, nas diferentes partes do corpo, após pulverização com líquido teste em uma cabine especial. “Na prática, fizemos alterações na estrutura desse equipamento, pois concluímos que o modelo que está sendo utilizado internacionalmente não permite avaliações plenamente seguras quanto à qualidade de vestimentas. Essa deficiência, em tese, aumenta em escala global a exposição do trabalhador rural a agroquímicos”.

Ramos salienta que nos últimos anos o Brasil tornou-se referência mundial em investimentos para reduzir a exposição do trabalhador rural aos agroquímicos. Mesmo assim, atesta o pesquisador, um grande número de produtores rurais e agroindústrias permanece desatento à necessidade de fornecer ao trabalhador rural equipamentos de proteção com qualidade certificada.

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