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A escalada do conflito entre Estados Unidos e Irã, com o bloqueio do Estreito de Ormuz e a alta do petróleo, trouxe volatilidade ao mercado de commodities agrícolas. Segundo a Análise do Especialista Grão Direto divulgada nesta segunda-feira (23/6), a soja é impactada pelo óleo e pelos fertilizantes, enquanto o milho sente reflexos nas usinas de etanol. No Brasil, o clima favorável à soja contrasta com o atraso na colheita da safrinha, aumentando a pressão sobre a logística e os preços. Confira a análise completa:
Safra e clima seguem favoráveis: nos Estados Unidos, o clima continua colaborando para o bom desenvolvimento das lavouras, apesar de algumas regiões enfrentarem excesso de chuvas. No Brasil, a colheita segue avançando, com tempo firme na maioria das regiões produtoras, especialmente no centro-norte.
Ataque dos EUA ao Irã: na última semana os EUA atacaram as instalações nucleares iranianas, abrindo margem para volatilidade do petróleo, considerando que o Irã tem controle sobre o Estreito de Ormuz, por onde passa porção relevante do petróleo mundial.
Economia: a elevação da Selic para 15% pelo Copom na última quarta-feira (18) pressionou o dólar para as mínimas dos últimos 10 meses. O câmbio mais favorável ajudou a conter os preços da soja no mercado interno.
Em Chicago, o contrato de soja para julho de 2025 encerrou a US$ 10,67 por bushel, com leve queda de 0,09% na semana. O contrato para março de 2026 teve alta de 0,84%, fechando a US$ 10,85 por bushel. O dólar recuou 0,36%, encerrando a semana cotado a R$ 5,52. No mercado físico, os preços seguiram a tendência de baixa, com recuos registrados na maioria das regiões.
O conflito e o petróleo: após os Estados Unidos atacarem instalações nucleares iranianas, atingindo três importantes centros de enriquecimento de urânio do país: Fordow, Natanz e Isfahan, o Irã anunciou o bloqueio do Estreito de Ormuz, um dos pontos mais sensíveis do comércio global de energia. Por esse corredor marítimo, localizado entre o Golfo Pérsico e o Golfo de Omã, passam cerca de 20% do petróleo e 25% do gás natural liquefeito consumidos no mundo. A ofensiva militar e o bloqueio do estreito provocaram forte alta na volatilidade do petróleo, o que deve impactar diretamente as cotações do óleo de soja já na abertura desta semana, dada a correlação entre os mercados.
O conflito e os fertilizantes: além de ser um dos maiores produtores de petróleo, o Irã também figura entre os principais exportadores de fertilizantes nitrogenados do mundo, com uma produção anual próxima de 7 milhões de toneladas e exportações estimadas em 5 milhões. Esses fertilizantes são amplamente utilizados na agricultura brasileira. Com a escalada do conflito, cresce o risco de aumento nos preços internacionais dos fertilizantes e de dificuldades logísticas nas rotas de exportação, o que pode pressionar ainda mais os custos de produção para o produtor rural no Brasil. A preocupação maior é com o efeito sobre os preços dos nitrogenados, que já vinham em trajetória de recuperação desde o início de maio.
Câmbio e incertezas: com a elevação da taxa Selic para 15%, houve aumento de 0,25 ponto percentual. Em condições normais, isso tenderia a fortalecer o real frente ao dólar, ao atrair capital estrangeiro. No entanto, o movimento foi ofuscado pelas incertezas globais provocadas pelo conflito no Oriente Médio. Investidores internacionais estão priorizando ativos considerados mais seguros — como os títulos do Tesouro americano — o que leva à valorização do dólar, mesmo com os juros elevados no Brasil.
Diante desse cenário, a soja tende a iniciar a semana com viés de alta no mercado internacional, puxada por Chicago. No Brasil, no entanto, o produtor deve observar com cautela: o avanço nos custos pode anular qualquer possível ganho de preço. O foco, portanto, deve estar no câmbio e nas movimentações do petróleo, que devem ditar o ritmo do mercado nos próximos dias.
Colheita Safrinha 2025: a colheita da segunda safra de milho segue em ritmo lento no Brasil, mas técnicos da Conab apontaram produtividades superiores às estimativas iniciais em algumas áreas do Mato Grosso, o que pode impactar a expectativa final de produção.
Demanda das usinas de etanol: a recente elevação nos preços dos combustíveis melhorou as margens das usinas de etanol à base de milho, reforçando sua competitividade na compra do cereal. Esse movimento contribuiu para uma demanda mais ativa por parte da indústria, oferecendo suporte aos preços do milho ao longo da semana.
Safra americana: nos Estados Unidos, o clima permanece favorável, com aumento da área de milho classificada como boa ou excelente. As lavouras seguem com desenvolvimento dentro do esperado, o que limita ganhos mais expressivos nas cotações, mesmo com o ambiente externo de custos pressionados.
Em Chicago, o contrato de milho para julho de 2025 encerrou a US$ 4,29 por bushel, com forte queda de 3,6% na semana. Na B3, o contrato com vencimento em julho de 2025 também recuou, fechando a R$ 63,07 por saca, uma variação negativa de 0,44%. No mercado físico, os preços acompanharam o movimento e também registraram recuos.
Alta do petróleo: a escalada do conflito no Oriente Médio provocou alta imediata nas cotações internacionais do petróleo. Esse movimento beneficia diretamente as usinas de etanol à base de milho, que passam a operar com margens mais favoráveis. Em períodos de encarecimento dos combustíveis fósseis, como ocorre agora, o consumo de etanol tende a aumentar, favorecendo a competitividade do biocombustível frente à gasolina. Com melhores margens, as usinas podem ampliar suas compras no mercado doméstico, funcionando como fator de contenção sobre os volumes disponíveis para exportação. Essa demanda interna mais aquecida, ainda que pontual, pode ajudar a suavizar a pressão de baixa nos preços do milho causada pela entrada da colheita no mercado. Vale lembrar que o etanol de milho vem ganhando representatividade na matriz de consumo brasileiro.
Colheita atrasada: a colheita da segunda safra segue em ritmo lento. Até o dia 20 de junho, apenas 14,08% da área total havia sido colhida — bem abaixo do patamar da mesma época no ano passado (37,57%) e também da média dos últimos 5 anos (26,76%). Os dados indicam que esta é a safra com um dos menores avanços já registrados para este período, acendendo um sinal de alerta.
Chuvas no radar: as previsões climáticas apontam chuvas para os dias 23 e 24 de junho em regiões-chave como Mato Grosso, Goiás, Paraná, São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul, que juntas concentram cerca de 90% da produção da segunda safra. Como 61,2% das lavouras estão atualmente em fase de maturação, essas chuvas podem elevar a umidade dos grãos, dificultar a colheita e afetar a qualidade do produto. O atraso da colheita combinado com uma expectativa de produção elevada coloca pressão sobre a capacidade de armazenamento em diversas regiões. Esse quadro pode levar à sobreposição de safras, dificultar o escoamento do milho e elevar os custos com secagem e armazenagem. A logística será fator-chave nas próximas semanas, especialmente para evitar conflito de janelas com outros produtos, como a soja remanescente.
O possível reaquecimento das usinas de etanol, estimulado pela alta do petróleo, pode dar algum suporte adicional aos preços no curto prazo. Ainda assim, o mercado deve seguir volátil, com oscilações regionais marcadas principalmente pela evolução da colheita e pelo ritmo das compras internas.
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