China reduz compras e exportações de soja dos EUA desabam

Preços em queda ameaçam rentabilidade de produtores norte-americanos

21.08.2025 | 09:08 (UTC -3)
Revista Cultivar, a partir de informações da American Soybean Association

A ausência da China no mercado de exportação de soja dos Estados Unidos provocou uma queda abrupta nas vendas e nos preços da oleaginosa às vésperas da colheita de 2025. Os agricultores enfrentam a perspectiva de mais um ciclo de perdas, com futuros abaixo dos custos de produção e estoques elevados. As informações são da American Soybean Association (ASA).

China é o maior comprador global de soja. Responde por 61% das importações mundiais. Em anos anteriores, os EUA exportaram até 31% de sua produção para o mercado chinês. Mas a guerra comercial de 2018 inverteu essa tendência. As tarifas de 25% impostas por Pequim reduziram drasticamente as compras. Em 2025, a tarifa total aplicada à soja dos EUA é de 34%, incluindo imposto de valor agregado e tarifa de nação mais favorecida.

Desde então, o Brasil assumiu a liderança no fornecimento de soja para a China. Em 2025, o Brasil deve produzir 42% mais soja que os EUA, conforme análise da ASA. A produção brasileira atende sozinha o volume que a China pretende importar neste ciclo: 112 milhões de toneladas.

A janela de vendas dos EUA ficou restrita entre setembro e fevereiro. Após o início da colheita brasileira, a China prioriza o fornecedor sul-americano. Em 2025, os chineses compraram volumes recordes do Brasil entre abril e julho e não registraram nenhuma nova encomenda da nova safra americana até agosto. Em anos sem disputas comerciais, os chineses já haviam comprado até 27% de suas necessidades antes da colheita nos EUA.

Sem a China, os preços futuros da soja caíram 5% em menos de três semanas, entre 18 de julho e 6 de agosto. Os contratos de novembro de 2025 recuaram de US$ 10,36 para US$ 9,84 por bushel. O custo médio de produção está estimado em US$ 12,05/bu. A diferença acentua os prejuízos.

Nos estados de Dakota do Norte e Sul e Nebraska, principais exportadores pelo noroeste do Pacífico, não há encomendas registradas, informa a ASA. Em Alton (ND), o ágio local recuou de –US$ 0,95 para –US$ 1,20 por bushel no período. Os agricultores agora armazenam soja na esperança de preços melhores, mas enfrentam custos altos de estocagem e incerteza quanto à recuperação do mercado.

Os EUA continuam com uma das maiores capacidades produtivas globais. A demanda mundial por proteína cresce. Mas, sem acordo com a China, os produtores americanos perdem acesso ao principal mercado. A redução das exportações deve ampliar o déficit da balança comercial agrícola e limitar investimentos em 30 estados produtores.

A colheita nos EUA começa em setembro. Metade da safra entra no mercado até meados de outubro.

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