Acordo técnico impulsiona o setor de fertilizantes

Parceria entre o Ministério de Agricultura e a Anda busca inovação, bioinsumos e compartilhamento de dados

11.09.2025 | 17:08 (UTC -3)
Cintia Santos, edição Revista Cultivar

O Ministério da Agricultura (Mapa) e a Associação Brasileira para a Difusão de Adubos (Anda) anunciaram um acordo de cooperação técnica durante o 12º Congresso Brasileiro de Fertilizantes, realizado no dia 2 de setembro, em São Paulo. O objetivo é ampliar o intercâmbio de informações entre os setores público e privado, com foco em estatísticas, inovação, bioinsumos e sustentabilidade.

O documento foi assinado por Guilherme Campos Júnior, secretário de Política Agrícola do Mapa, e por Eduardo de Souza Monteiro, presidente do Conselho de Administração da Anda. “Nosso propósito é aprimorar as estatísticas setoriais e mobilizar recursos para que o Brasil avance em inovação e sustentabilidade”, afirmou Monteiro.

Produção nacional e projetos em andamento

O vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, destacou em vídeo os projetos em andamento para ampliar a produção nacional de adubos. Entre eles, citou o Complexo de Serra do Salitre (MG), que deve responder por 15% da oferta de fosfatados, a retomada da Fafen (BA) e da Ansa (PR), que somam 20% da demanda de nitrogenados, e o Projeto Autazes (AM), capaz de suprir cerca de 20% da demanda de cloreto de potássio.

O deputado Pedro Lupion (PL), presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, defendeu a aprovação do Profert (PL 699/2023), que concede incentivos fiscais ao setor, além do projeto que zera o PIS/Cofins sobre a importação e venda de fertilizantes, já aprovado na Comissão de Agricultura da Câmara.

Perspectivas para o mercado

O congresso também debateu o futuro do setor, com expectativa de entregas entre 48 e 49 milhões de toneladas de fertilizantes em 2025, patamar recorde. Para Jefferson Souza, analista da Agrinvest, “o número de 48,2 milhões de toneladas já é recorde absoluto na teoria”. O economista Carlos Cogo, da Cogo Inteligência em Agronegócio, projeta até 49 milhões de toneladas.

Apesar da boa perspectiva, especialistas apontaram entraves, como a falta de crédito e a dependência externa de insumos. O aprimoramento da logística foi apontado como fator essencial para sustentar o crescimento e a competitividade do produtor brasileiro.

Inovação e sustentabilidade em debate

O primeiro painel discutiu a agricultura regenerativa e o papel dos fertilizantes associados a bioinsumos para recuperar os 40 milhões de hectares de terras degradadas no país até 2036. Os palestrantes defenderam a regulamentação da lei dos bioinsumos para acelerar a aprovação de novas tecnologias.

Outros debates trataram dos efeitos da geopolítica global sobre o comércio de insumos, da necessidade de políticas públicas para o crédito rural e da incorporação de fertilizantes especiais e soluções de baixo carbono.

O evento também contou com a apresentação da iniciativa Nutrientes para a Vida, da Anda, e com a entrega do 4º Prêmio Carlos Florence, concedido ao pesquisador Bruno Maia Abdo Rahme Cassim, da Esalq/USP, por estudo sobre fertilizantes nitrogenados de nova geração.

Convergência de esforços

Para Eduardo de Souza Monteiro, presidente da Anda, o congresso reafirmou a importância da união entre governo, empresas e entidades do setor. “É um marco histórico que reforça a relevância de discutirmos juntos o presente e desenharmos o futuro”, afirmou.

O encontro reuniu mais de 900 participantes presenciais e cerca de 3 mil de forma on-line. A próxima edição já está confirmada para 25 de agosto de 2026.

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